Caros Leitores,
Estrelas
de hipervelocidade
O observatório espacial Gaia mapeou uma série de estrelas movendo-se em alta velocidade
para fora e para dentro da Via Láctea.
Lançado em 2013 pela Agência
Espacial Europeia para mapear nossa galáxia em 3D, o telescópio Gaia já mapeou
mais de um bilhão de estrelas. Astrônomos em todo o mundo têm trabalhado para
explorar este extraordinário conjunto de dados, examinando as propriedades e
movimentos das estrelas na nossa Galáxia e além dela.
As estimativas indicam agora
que a Via Láctea contém mais de cem bilhões de estrelas, a maioria localizada
em um disco com um centro denso e abaulado, no meio do qual se encontra um
buraco negro supermassivo, catalogado como Sagitário A*. As restantes estão
espalhadas num halo esférico muito maior.
A classe mais rápida de
estrelas na nossa galáxia é conhecida como "estrelas de
hipervelocidade", que supostamente começam a sua vida perto do centro
galáctico, para depois serem lançadas em direção à borda da Via Láctea, através
de interações com o buraco negro.
Já se conheciam algumas estrelas hipervelozes, mas os dados do observatório Gaia revelaram muitas mais.
20 em 7
milhões
Para 1,3 bilhão de estrelas,
o telescópio Gaia mediu posições, paralaxes - um indicador de distância - e
movimentos 2D no plano do céu. Para sete milhões das estrelas mais brilhantes,
também foi medida a velocidade com que cada uma se move na nossa direção ou
para longe de nós.
"Dos sete milhões de
estrelas de Gaia com medições de velocidade 3D, encontramos 20 que poderiam
estar viajando rápido o suficiente para eventualmente escapar da Via
Láctea," explica Elena Maria Rossi, uma das autoras do novo estudo. O
número é surpreendente, porque as estimativas indicavam que seria encontrada
uma única estrela de hipervelocidade nesse conjunto de 7 milhões.
Outra novidade é que a
maioria dessas estrelas parece estar viajando em direção ao centro galáctico.
Ou seja, podem ser estrelas de outras galáxias passando por nós ou sendo
inexoravelmente tragadas pelo buraco negro Sagitário A*.
É possível que esses
migrantes intergalácticos venham da Grande Nuvem de
Magalhães, uma galáxia relativamente
pequena que orbita a Via Láctea, ou podem ter origem numa galáxia ainda mais
distante. Se for esse o caso, essas estrelas contêm a marca do seu local de
origem, e estudá-las a distâncias muito mais próximas que da sua galáxia-mãe
poderá fornecer informações sem precedentes sobre a natureza das estrelas
noutra galáxia - semelhante a estudar material marciano trazido para a Terra por meteoritos.
Uma explicação alternativa é
que essas estrelas hipervelozes mergulhando na Via Láctea poderiam ser nativas
do halo da nossa galáxia, tendo sido aceleradas e empurradas para dentro
através de interações com uma das galáxias anãs que caíram em direção à Via
Láctea durante sua história. Informações adicionais sobre a idade e a
composição das estrelas deverão ajudar os astrônomos a esclarecer sua origem.
"É provável que uma
estrela do halo da Via Láctea seja razoavelmente velha e feita principalmente
de hidrogênio, enquanto estrelas de outras galáxias poderiam conter muitos
elementos mais pesados. Observar as cores das estrelas nos dirá mais sobre a
sua constituição," disse Tommaso Marchetti, membro da equipe.
Bibliografia:
Gaia DR2 in 6D:
Searching for the fastest stars in the Galaxy
Tommaso Marchetti, Elena Maria Rossi, A. G. A. Brown
Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/sty2592
Fonte:
Inovação Tecnológica / Redação do Site Inovação
Tecnológica - 07/10/2018
HélioR.M.Cabral
(Economista, Escritor e Pesquisador Independente na Astronomia, Astrofísica,
Astrobiologia e Climatologia).
Membro da Society for
Science and the Public (SSP) e assinante de conteúdos científicos da NASA
(National Aeronautics and Space Administration) e ESA (European Space Agency).
Participa do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens)
que é integrado ao Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System)
administrado pela NASA.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA Globe Cloud, um
Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o objetivo de
monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela NASA e
National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and
Atmospheric Administration (NOAA) e U.S Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário