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quarta-feira, 1 de março de 2023

Galáxias que não deveriam existir questionam modelo do Big Bang

 Caros Leitores;







Agora será necessário obter espectros dos seis candidatos, para confirmar que são mesmo galáxias e checar sua composição.
[Imagem: G. Brammer/University of Copenhagen-NASA/ESA/CSA/I. Labbe]

Contra fatos...

Talvez seja melhor você se acostumar com manchetes desse tipo: Os dados do telescópio espacial James Webb estão rapidamente contestando as descrições dos primórdios do Universo feitas com base no modelo do Big Bang.

Os primeiros astrônomos que viram as primeiras imagens do Webb rapidamente anunciaram que teríamos que rever todo o nosso modelo padrão da cosmologia, mas isso gerou uma reação igualmente rápida, com as maiores autoridades da comunidade astronômica tentando colocar panos quentes na situação, afirmando que poderíamos salvar nossas melhores teorias apenas ajustando algumas questões, como o processo de formação das galáxias.

Mas a publicação dos artigos científicos descrevendo aquelas primeiras imagens, um processo que começou há poucas semanas, está rapidamente esgotando os estoques de panos aquecidos de posse dos mais apegados às teorias atuais.

Agora, uma equipe internacional de astrofísicos identificou nas imagens do Webb vários corpos celestes que não deveriam existir, segundo as teorias atuais: São seis candidatos a galáxias - será necessário confirmar que são mesmo - que surgiram tão cedo na história do Universo e que são tão massivas que nenhuma vertente da teoria cosmológica atual consegue explicar.

Embora não sejam as galáxias mais antigas fotografadas pelo Webb, estas são enormes, pelo menos uma delas mais ou menos do tamanho da Via Láctea, e brilham em vermelho, mostrando que suas estrelas constituintes são antigas, derrubando o pano quente de que só precisaríamos ajustar nossos modelos quanto à velocidade de formação das galáxias.

"É insano," disse Erica Nelson, da Universidade do Colorado em Boulder. "Você simplesmente não espera que o Universo primitivo seja capaz de se organizar tão rapidamente. Essas galáxias não deveriam ter tido tempo de se formar".

Luz vermelha demais e matéria demais

Como sabemos pelo conhecido fenômeno do desvio para o vermelho, em astronomia uma luz vermelha tipicamente significa uma luz mais antiga.

Como o Universo vem se expandindo desde o início dos tempos, as galáxias e outros objetos celestes estão continuamente se afastando, fazendo com que a luz que eles emitem se estique. Conforme o comprimento de onda da luz é esticado por esse fenômeno, ela aparece aos nossos olhos cada vez mais vermelha, enquanto a luz de objetos que se aproximam de nós vai ficando mais azulada.

Assim, ninguém esperava observar galáxias com luz majoritariamente vermelha tão no início do Universo - os seis candidatos a galáxias parecem ter surgido em uma janela entre 500 e 700 milhões de anos após o Big Bang.

Mais do que isso, os cálculos da equipe indicam que são todas gigantescas, abrigando de dezenas a centenas de bilhões de estrelas do tamanho do Sol, o que lhes daria uma massa equivalente à da Via Láctea. "A Via Láctea forma cerca de uma a duas novas estrelas a cada ano," disse Erica. "Algumas dessas galáxias teriam que formar centenas de novas estrelas por ano durante toda a história do Universo."

Outra evidência do caráter revolucionário destas observações é que não deveria haver matéria normal suficiente naquela época para formar tantas estrelas tão rapidamente - os primeiros cálculos indicam duas ordens de grandeza mais matéria do que os modelos cosmológicos mais corajosos propunham.

É bom lembrar que os primeiros resultados do telescópio espacial Hubble também foram avassaladores para as teorias e modelos cosmológicos: Até então, os astrônomos acreditavam que as primeiras galáxias só poderiam ter-se formado bilhões de anos após o Big Bang.

"Embora já tenhamos aprendido nossa lição com o Hubble, ainda assim não esperávamos que o James Webb visse tais galáxias maduras existindo tão longe no tempo," disse Erica.

Bibliografia:
Artigo: A population of red candidate massive galaxies ~600 Myr after the Big Bang
Autores: Ivo Labbé, Pieter van Dokkum, Erica Nelson, Rachel Bezanson, Katherine A. Suess, Joel Leja, Gabriel Brammer, Katherine Whitaker, Elijah Mathews, Mauro Stefanon, Bingjie Wang
Revista: Nature
DOI: 10.1038/s41586-023-05786-2

Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/02/2023

https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=galaxias-nao-deveriam-existir-questionam-modelo-big-bang&id=010130230223#.Y_-KwXbMLIU

Web Science Academy; Hélio R.M.Cabral (Economista, Escritor e Divulgador de conteúdos da Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).Participou do curso (EAD) de Astrofísica, concluído em 2020, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Autor do livro: “Conhecendo o Sol e outras Estrelas” e "Conhecendo a Energia produzida no Sol".

Acompanha e divulga os conteúdos científicos da NASA (National Aeronautics and Space Administration), ESA (European Space Agency) e outras organizações científicas e tecnológicas.

Participa do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela NASA. A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), como astrônomo amador.

Participa também do projeto The Globe Program / NASA Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e U.S Department of State.

>Autor de cinco livros, que estão sendo vendidos nas livrarias Amazon, Book Mundo e outras.

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e-mail: heliocabral@coseno.com.br

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