Caros Leitores;
Foto: Dominic Papineau
Estudo publicado em revista científica analisou rochas que teriam abrigado microrganismos muito antes do que atuais análises preveem
Existia vida na Terra mais cedo do que o previsto, afirma um
grupo de cientistas. A equipe encontrou evidências que indicam a presença de
micróbios em fontes hidrotermais da superfície do planeta 300 milhões de anos
após a sua formação — ou seja, há pelo menos 3,75 bilhões de anos. Detalhada na
última edição da revista especializada Science Advances, a descoberta
indica que as condições necessárias para o surgimento de seres vivos são
relativamente básicas e também reforça hipóteses de existência de vida em
outros planetas, sinalizam os autores do artigo.
Para chegar à conclusão, os especialistas avaliaram uma rocha
do tamanho de um punho, retirada de uma região chamada Cinturão Supracrustal
Nuvvuagittuq, localizada em Quebec, no Canadá. O material foi coletado
em 2008 e tem uma idade estimada entre 3,75 bilhões e 4,28 bilhões de anos.
"A região é um sistema de fontes hidrotermais antigos, onde rachaduras no
fundo do mar deixam passar o ferro aquecido pelo magma da Terra", detalham
os autores.
Na análise, eles cortaram a rocha em pedaços de 100 mícrons — um mícron
equivale à milésima parte de um milímetro — para conseguir observar as
minúsculas estruturas do material. Assim, identificaram pequenos filamentos,
além de outros indícios estruturais de que o material tinha sido criado por
bactérias. Entre as formas detectadas que indicam sinal de vida, estão uma
espécie de caule repleto de ramos de quase um centímetro de comprimento, uma
série de esferas distorcidas e tubos. "Todas essas estruturas são muito
únicas, e isso indica uma origem biológica, não química, o que reforça a
possibilidade de micróbios presentes no material analisado", explicam.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Dominic Papineau,
pesquisador da University College London, no Reino Unido relata que há
algumas semelhanças entre o caule "semelhante a uma árvore"
descoberto pelo grupo de cientistas que liderou e filamentos feitos por Mariprofundus
ferrooxydans, uma bactéria moderna encontrada em ambientes marinhos
profundos ricos em ferro, uma condição particular das fontes hidrotermais.
Os pesquisadores também encontraram uma série de evidências
de como as bactérias presentes nessa rocha obtinham energia, como a presença de
subprodutos químicos mineralizados. De acordo com a equipe, esses elementos são
usados por micro-organismos que vivem de ferro, luz, enxofre e dióxido de
carbono, realizando uma espécie de fotossíntese com o material. Em conjunto,
essas novas descobertas sugerem que uma variedade de vida microbiana pode ter
existido apenas 300 milhões de anos depois da formação da Terra. "Em
termos geológicos, isso é rápido. Cerca de um giro do Sol ao redor da
galáxia", enfatiza Papineau, em comunicado.
A datação científica da rocha analisada indica que ela tem,
ao menos, 3,75 bilhões de anos e, possivelmente, até 4,28 bilhões de anos — a
idade de outras rochas vulcânicas nas quais ela está incorporada.
"Acredito que faz sentido que esse material seja tão antigo quanto as
rochas vulcânicas que se avizinham a ele, o que seria 4,28 bilhões de
anos", afirma o líder do estudo, que contou com o trabalho de cientistas
canadenses e chineses.
Linha do tempo
Antes dessa descoberta, os fósseis mais antigos com sinais de
vida na Terra foram encontrados na Austrália Ocidental e datados de 3,46
bilhões de anos — 290 milhões de anos a mais que o material encontrado no
Canadá. Segundo a equipe britânica, essa mudança de datas é extremamente
relevante para a linha do tempo do desenvolvimento da vida na Terra e de outras
regiões do Universo.
"Atrasar esse relógio é muito importante porque nos diz que leva muito pouco tempo para a vida surgir em uma superfície planetária. Muito rapidamente depois que a Terra se formou, havia vida microbiana, que, provavelmente, se alimentava de ferro e enxofre nessas fontes hidrotermais", justifica Papineau. "Se a vida é relativamente rápida para surgir, dadas as condições certas, isso aumenta a chance de que exista vida em outros planetas".
Co - autora: Isabela Peixer
Correio Braziliense
Fonte: Jornal North News / 18/04-2022
https://jornalnorthnews.com/noticia/2947/descoberta-nas-aguas-do-canada-pode-abrir-caminho-para-vida-fora-da-terra
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Hélio R.M.Cabral (Economista, Escritor e
Divulgador de conteúdos da Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e
Climatologia).Participou do curso (EAD) de Astrofísica, concluído em 2020, pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Autor do livro:
“Conhecendo o Sol e outras Estrelas”.
Acompanha e
divulga os conteúdos científicos da NASA (National Aeronautics and Space
Administration), ESA (European Space Agency) e outras organizações científicas
e tecnológicas.
Participa do
projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao
Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela
NASA. A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica Brasileira
(SAB), como astrônomo amador.
Participa também
do projeto The Globe Program / NASA Globe Cloud, um Programa de Ciência e
Educação Worldwide, que também tem o objetivo de monitorar o Clima em toda a
Terra. Este projeto é patrocinado pela NASA e National Science Fundation (NSF),
e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e U.S
Department of State.
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