Caros Leitores;
Nos últimos meses de 2022, um debate econômico-ambiental esteve no centro das preocupações das principais entidades e países do mundo: a mineração marinha. Enquanto centenas de organizações -e também nações desenvolvidas- apelam contra a exploração de metais em alto mar pelas consequências ambientais, as mesmas ainda não foram completamente calculadas e a indústria vê nos oceanos uma das últimas saídas para a própria existência de alguns setores.
O complexo tema envolve ainda uma contradição interna: os mesmos compostos buscados nos fundos dos oceanos, com possíveis repercussões irreparáveis no meio ambiente, são fontes para energias como a eólica e a fotovoltaica e, no caso das indústrias automobilísticas, para a produção de baterias de carros elétricos. Ou seja, o objetivo na outra ponta seria o de atender às próprias demandas do planeta por menores impactos ambientais.
E apesar de não ser recente, a discussão tem uma urgência, que foi levantada em plena COP27, no Egito, em novembro passado, pelo presidente francês Emmanuel Macron, na mesma semana em que ocorria mais uma reunião do conselho da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA). O organismo da ONU foi criado nos anos 90 para regulamentar e determinar regras para as atividades no fundo do mar que não estejam sob juridições de países.
Vista de uma comunidade profunda de corais e esponjas ao longo de Northampton Seamount Ridge, durante expedição de 2015 do NOAA Office of Ocean Exploration and Research – Foto: NOAA
Naquele mês, na reunião da ISA na Jamaica, colocou-se à mesa a petição não só da França, mas também da Alemanha, Espanha, Chile, Costa Rica, Nova Zelândia e outros países, que pediram uma moratória, um “tempo”, para impedir qualquer tipo de exploração de minérios em alto mar enquanto não houver pesquisas científicas suficientes sobre os seus impactos.
“À medida que os efeitos das alterações climáticas se tornam cada vez mais ameaçadores e a erosão da biodiversidade continua a acelerar, hoje não parece razoável lançar às pressas um novo projeto, o da mineração do fundo do mar, cujos impactos ambientais ainda não são conhecidos e podem ser significativo para esses ecossistemas antigos que têm um equilíbrio muito delicado”, disse na ocasião o embaixador francês, Olivier Guyonvarch.
E a urgência se deve a um pequeno país-ilha na Oceania, Nauru, de 11 mil habitantes, que tem como quase única atividade econômica a mineração e a exportação do fosfato. Com os recursos minerais quase esgotados, o país patrocinou uma startup canadense, a The Metals Company, para iniciar testes no fundo do mar e, para isso, pediu uma licença de exploração da ISA. A autorização de testes já foi concedida.
Mas a nação insular quer começar as operações ainda neste ou, o mais tardar, no próximo ano. Se autorizada, a licença lançará a indústria de mineração marinha oficialmente no planeta.
Entendendo a mineração marinha
Em entrevista ao GGN, o professor do Centro de Biologia Marinha da USP (CEBIMar), Cláudio Gonçalves Tiago, explica que há uma diversidade de minerações marinhas em grande escala, que envolve desde a extração de petróleo, rodolitos e metais.
Um desses alvos são os rodolitos como matéria-prima na produção de fertilizantes, tema que, segundo ele, vem sendo debatido há mais de 40 anos. “O rodolito é uma formação mineral que tem uma origem biogênica, quer dizer, é um organismo vivo. O grande problema, neste caso específico, é que não estamos minerando minerais, estamos minerando comunidades biológicas.”
O mesmo efeito foi constatado na extração de petróleo em regiões amazônicas, onde posteriormente se descobriu uma grande zona de recifes de corais e de rodolitos. “A maneira de extração não é descendo no fundo [das águas] e pegando os pedacinhos [de minerais], é passando uma draga e levando tudo junto e há uma série de animais e vidas. É um processo com um poder de destruição muito grande”, relatou.
Mas a atual ‘corrida do ouro’ nos mares são os nódulos de manganês, também chamados de nódulos ou crostas polimetálicos, ricos em cobalto, cobre e níquel – metais essenciais para a produção de baterias de eletrônicos a carros elétricos, componentes de paineis solares e da indústria eólica, entre outros.
O ‘ouro’ dos oceanos
Metais que estão em escassez terrestre e alta demanda das indústrias – principalmente as “limpas” – são encontrados com abundância nestes sólidos a 3.000 até 6.000 mil metros nas profundezas dos oceanos.
Além da quantidade, estes nódulos são ricos em terras raras – o produto final utilizado pelas indústrias, ou seja, os metais contidos neles são mais puros, sem exigir tantos processos metalúrgicos e químicos após a extração, como demanda a mineração tradicional, do solo.
O geofísico marinho Luigi Jovane, do Instituto Oceanografico da USP (IOUSP), explica ao GGN que na mineração do solo, por necessitar diversos processos metalúrgicos e químicos, há muito descarte e “para se produzir um quilo de terras raras tem um impacto gigantesco no ambiente”, além de se obter um produto final de qualidade inferior.
“Existem outras fontes de terras raras. Primeiramente, as minas de ferro e de outros metais, que claramente têm vários materiais e produtos de descarte, ou seja, são subprodutos. Então, a parte metalúrgica, a extração desses metais raros dentro desses materiais de outra mineração é muito caro. A elaboração, tanto química, quanto metalúrgica é caríssima e com um impacto ambiental terrível.”
Já as crostas polimetálicas encontradas no mar formam-se ao longo de milhões de anos e, por isso, esse “tempo de formação permite que elas sejam concentradas, ricas de terras raras”, disse Jovane.
As empresas que já desenvolveram equipamentos capazes de coletar os nódulos polimetálicos alegam que essa extração é mais sustentável e de menor impacto do que a mineração tradicional. “O grande problema é que o fundo do mar não é um deserto, ao contrário, o fundo do mar é inteiro vivo”, lembrou Cláudio Gonçalves.
“Para retirar polimetálicos usa-se uma estrutura como se fosse uma caixa que vaza a água, para subir das profundezas somente a parte sólida. Mas a hora que [a máquina] passa no fundo do oceano e sem olhar, se está levando tudo junto. A destruição ambiental de onde isso for feito vai ser praticamente total”, acrescentou o biólogo da USP.
Para saber mais, acesse o link abaixo>
Fonte: Jornal GGN / Por: Patricia Faermann
https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/mineracao-marinha-ambiental-economico/
Web Science Academy; Hélio R.M.Cabral (Economista, Escritor e Divulgador de conteúdos da Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).Participou do curso (EAD) de Astrofísica, concluído em 2020, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Autor do livro: “Conhecendo o Sol e outras Estrelas” e "Conhecendo a Energia produzida no Sol".
Acompanha e divulga os conteúdos científicos da NASA (National Aeronautics and Space Administration), ESA (European Space Agency) e outras organizações científicas e tecnológicas.
Participa do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela NASA. A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), como astrônomo amador.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e U.S Department of State.
>Autor de cinco livros, que estão sendo vendidos nas livrarias Amazon, Book Mundo e outras.
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