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Chandrayaan-3 foi responsável por tornar a Índia o quarto país a pisar em solo lunar
Novas evidências que apoiam uma teoria sobre a história lunar foram encontradas na histórica missão Lua, responsável por fazer da Índia o quarto país a pousar na Lua.
Quando a missão pousou nas regiões de alta latitude ao sul do satélite, perto do polo sul lunar, ela lançou um pequeno rover de seis rodas, chamado Pragyan — nome que significa sabedoria em sânscrito. O rover foi equipado com instrumentos científicos que lhe permitiram analisar partículas dentro do solo da Lua e medir os elementos.
O Pragyan fez 23 medições enquanto rolava ao longo de uma região de 338 pés (aproximadamente 103 metros) da superfície lunar, localizada a 164 pés (aproximadamente 50 metros) do local de pouso do Chandrayaan-3, por cerca de 10 dias. Os dados do rover marcam as primeiras medições de elementos dentro do solo lunar perto da região polar sul.
O rover detectou uma composição relativamente uniforme, feita em grande parte de uma rocha chamada anortosito ferroano, que é semelhante às amostras retiradas da região equatorial da lua durante a missão Apollo 16 em 1972. Pesquisadores relataram as descobertas em um estudo publicado quarta-feira (21) no periódico Nature.
As amostras lunares estão ajudando os cientistas a resolver mistérios que permanecem sobre como a Lua evoluiu ao longo do tempo, incluindo como ela se formou durante os primeiros dias caóticos do sistema solar.
De acordo com os autores do estudo, presença de rochas semelhantes em diferentes partes da Lua dá suporte adicional à hipótese de décadas de que ela já foi coberta por um antigo oceano de magma.
Um antigo oceano de magma
Existem muitas teorias sobre como a Lua se formou, mas os cientistas concordam principalmente que há cerca de 4,5 bilhões de anos, um objeto do tamanho de Marte ou uma série de objetos colidiu com a Terra e lançou detritos derretidos suficientes no espaço para criar o satélite.
As primeiras amostras lunares coletadas durante a missão Apollo 11 em 1969 levaram os pesquisadores à teoria de que a Lua já foi uma bola de magma derretida.
Os 842 libras (aproximadamente 382 quilogramas) de rochas lunares e solo devolvidos à Terra pelas missões Apollo, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, refutaram as ideias de que a Lua era um corpo celeste capturado pela gravidade da Terra, ou que ela se formou ao lado da Terra a partir dos mesmos detritos.
As amostras de rocha indicaram que a Lua foi criada cerca de 60 milhões de anos após o sistema solar começar a se formar, de acordo com a Nasa.
O oceano de magma, provavelmente com centenas a milhares de quilômetros de profundidade, persistiu por cerca de 100 milhões de anos, diz a agência espacial. À medida que o oceano de magma esfriava, cristais se formavam dentro dele.
Mesmo não envolvido no novo estudo, Noah Petro, cientista do projeto da Nasa para o Lunar Reconnaissance Orbiter e Artemis III, garante que algumas rochas e minerais, como anortosito ferroano, subiram ao topo para formar a crosta lunar e as terras altas, enquanto outros minerais mais densos e ricos em magnésio, como a olivina, afundaram profundamente abaixo da superfície no manto.
Enquanto a crosta lunar tem uma espessura média de cerca de 31 milhas (aproximadamente 50 quilômetros), o manto lunar abaixo dela atinge cerca de 838 milhas (aproximadamente 1.350 quilômetros) de profundidade. “Todos os minerais e rochas na Lua têm algo para contar sobre a história lunar”, disse Petro.
Quando o rover Pragyan realizou sua investigação da composição química do solo lunar, ele encontrou uma mistura de anortosito ferroano e outros tipos de rochas, incluindo minerais como a olivina.
O local de pouso da Chandrayaan-3, chamado Shiv Shakti Point, ficava a cerca de 217 milhas (aproximadamente 350 quilômetros) da borda da Bacia do Polo Sul-Aitken, considerada a cratera mais antiga da Lua.
Segundo o principal autor do estudo, Santosh Vadawale, professor do Laboratório de Pesquisa Física em Ahmedabad, Índia, a equipe de pesquisa acredita que um impacto de asteroide criou a bacia há cerca de 4,2 bilhões a 4,3 bilhões de anos e desenterrou minerais ricos em magnésio, como olivina, misturando-os ao solo lunar.
Os pesquisadores continuam investigando a presença desses minerais que provavelmente se originaram no manto da Lua para fornecer mais contexto para as origens e sua evolução.
Mistérios lunares persistentes
“A missão prova por que é crucial enviar espaçonaves para diferentes regiões lunares para entender a história da Lua“, garantiu Vadawale.
“Todos os pousos bem-sucedidos anteriores foram limitados a regiões equatoriais a latitudes médias”, disse ele. “Chandrayaan-3 é a primeira missão a ter um pouso bem-sucedido nas regiões polares da Lua e realizar análises in situ. Essas novas medições em áreas anteriormente inexploradas aumentaram ainda mais a confiança na hipótese [do oceano de magma lunar]”.
Ainda segundo Vadawale, na sequência, o programa de exploração lunar indiano deseja explorar regiões permanentemente sombreadas dos polos lunares e retornar amostras para uma análise detalhada em laboratórios na Terra.
“Enquanto a erosão e o movimento das placas tectônicas apagaram evidências de como a Terra se formou, a Lua permanece praticamente inalterada, exceto pelas crateras de impacto”, complementou Petro.
“Toda vez que pousamos na superfície lunar, isso ancora esse entendimento em um ponto específico, um local específico na superfície, o que é muito útil para testar todos os modelos e hipóteses que temos”, ainda disse.
“Essa hipótese de um oceano de magma impulsiona muito do que pensamos sobre a Lua, especialmente no início de sua história. Os resultados do rover da missão Chandrayaan-3 adicionam outro ponto de dados de superfície”.
O cientista ainda garantiu que cada missão não só acrescenta outra peça ao quebra-cabeça de entender a Lua, mas também fornece insights sobre como a Terra e outros planetas rochosos como Marte se formaram.
A compreensão dos cientistas sobre como a Lua surgiu impulsiona modelos de como todos os planetas se formam e mudam, incluindo planetas além do nosso sistema solar.
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Fonte: CNN BRASIL / Ashley Strickland / Publicaçâo 24/04/2024
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