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Com um catálogo de cores baseado nos micróbios da Terra, os astrônomos podem começar a decifrar a tonalidade da vida em exoplanetas distantes e congelados, conforme retratado nesta representação artística. Crédito: Jack Madden
Ajudado por micróbios encontrados nas condições subárticas da Baía de Hudson, no Canadá, uma equipe internacional - incluindo pesquisadores do Instituto Superior de Agronomia e Técnico de Portugal, da Université Laval em Quebec e Cornell - criou o primeiro catálogo de cores de assinaturas de superfícies de planetas gelados para descobrir a existência de vida no cosmos.
À medida que os telescópios terrestres e espaciais se tornam maiores e podem sondar a atmosfera de exoplanetas rochosos, os astrônomos precisam de um guia codificado por cores para compará-los e suas luas a micróbios biológicos vibrantes e coloridos na Terra, que podem dominar mundos congelados que circundam estrelas diferentes.
Mas os pesquisadores precisam saber como são os micróbios que vivem em lugares gélidos da Terra antes que possam localizá-los em outros lugares.
O estudo publicado em 15 de março na revista Astrobiology , fornece este kit de ferramentas.
"Na Terra, cores vibrantes e biológicas no Ártico representam assinaturas de vida em pequenos nichos congelados", disse a principal autora Lígia F. Coelho, astrobióloga e doutoranda nos laboratórios das faculdades de Zita Martins, João Canário e Rodrigo Costa na Técnico, que cultivou e mediu esta biota frígida e colorida no Carl Sagan Institute em Cornell (CSI).
Neste verão, Coelho se tornará pesquisador de pós-doutorado no laboratório de Lisa Kaltenegger, professora do Departamento de Astronomia e diretora do CSI na Faculdade de Artes e Ciências.
"As cores dos organismos podem dominar toda a superfície dos mundos gelados", disse Coelho. "Os exoplanetas congelados não são causas perdidas. Com os próximos telescópios, você poderá encontrar os sinais indicadores de micróbios - se souber o que procurar. É por isso que criamos este catálogo".
Coelho coletou 80 microorganismos do gelo e da água em Kuujjuarapik, Quebec, trabalhando na congelada Baía de Hudson, obtendo núcleos de gelo e fazendo furos no gelo para coletar amostras de água. Ela adquiriu amostras na foz do rio Great Whale em fevereiro de 2019, durante uma excursão liderada por Warwick Vincent da Université Laval, com o apoio logístico do Centre d´étude Nordiques.
“Ao procurar vida no cosmos, os micróbios nessas planícies congeladas do Ártico nos dão uma visão crucial do que procurar em novos mundos frios”, disse Kaltenegger, explicando que essa vida microbiana gelada está bem adaptada ao bombardeio de radiação severo do espaço - o que pode ser a norma em exoplanetas distantes sob um Sol vermelho.
"Ter as ferramentas certas para detectar formas de vida em mundos gelados é fundamental", disse Martins, diretor do laboratório de astrobiologia e professor do Técnico, que teve a ideia desta investigação com Kaltenegger. “Nosso estudo mostra que as bioassinaturas são mais intensas em ambientes mais secos, sugerindo que locais mais secos que a Terra e que contêm formas de vida microbiana podem representar bons alvos para futuras missões espaciais”.
Depois que Coelho isolou os microrganismos no laboratório de Rodrigo Costa (Técnico), ela os cultivou no clima relativamente ameno de Nova York no laboratório de Stephen Zinder, professor emérito de microbiologia da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida. As medições para descobrir como esses micróbios ficariam em nossos telescópios foram feitas no laboratório de William Philpot, professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental.
“Os ambientes gelados da Terra mostram uma diversidade surpreendentemente ampla de vida e podem até ter fornecido o ambiente para a vida se originar”, disse Coelho. "O catálogo de cores da vida no subártico da Terra servirá como guia para procurar vida na superfície em mundos gelados em toda a zona habitável, não apenas nas partes quentes".
Kaltenegger diz que eles "estão reunindo as ferramentas para procurar vida no universo, para não perdê-la, levando em consideração toda a biosfera vibrante da Terra - mesmo aquelas nos lugares gelados de tirar o fôlego do nosso Pálido Ponto Azul".
Explorar mais
Procurando por vida em exoplanetas em todos os espectros certos
Mais informações: Lígia F. Coelho et al, Color Catalogue of Life in Ice: Surface Biosignatures on Icy Worlds, Astrobiology (2021). DOI: 10.1089/ast.2021.0008
Informações da revista: Astrobiologia
Fornecido pela Universidade de Cornell
Fonte: NASA / por Blaine Friedlander, Universidade de Cornell / 15-03-2022
https://phys.org/news/2022-03-tint-life-built-frozen-worlds.html
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Hélio R.M.Cabral (Economista, Escritor e Divulgador de conteúdos da Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).Participou do curso (EAD) de Astrofísica, concluído em 2020, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Autor do livro: “Conhecendo o Sol e outras Estrelas”.
Acompanha e divulga os
conteúdos científicos da NASA (National Aeronautics and Space Administration),
ESA (European Space Agency) e outras organizações científicas e tecnológicas.
Participa
do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao
Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela
NASA. A
partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB),
como astrônomo amador.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA
Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o
objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela
NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric
Administration (NOAA) e U.S Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
Page: http://pesqciencias.blogspot.com.br
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