Caros Leitores;
Mudanças nas concentrações de ozônio na atmosfera afetam os ventos vindos do oeste no Hemisfério Sul, além de causar níveis contrastantes de sal e temperatura perto da superfície no Oceano Antártico. Ambos afetam as correntes oceânicas de maneiras distintas, afetando assim a absorção de calor do oceano.
[Imagem: Wei Liu et al. - 10.1038/s41558-022-01320-w]
Ozônio na baixa atmosfera
O ozônio pode estar enfraquecendo um dos mecanismos de resfriamento mais importantes da Terra, tornando-o um gás de efeito estufa mais significativo do que os cientistas calculavam.
Um novo estudo revelou que as mudanças nos níveis de ozônio na atmosfera superior e inferior foram responsáveis por quase um terço do aquecimento observado nas águas oceânicas que fazem fronteira com a Antártida na segunda metade do século 20.
O aquecimento profundo e rápido no Oceano Antártico afeta seu papel como uma das principais regiões para absorver o excesso de calor à medida que o planeta aquece.
A maior parte desse aquecimento foi resultado de aumentos na concentração de ozônio na baixa atmosfera. O ozônio - um dos principais componentes da poluição atmosférica - já é perigoso como poluente, mas esta pesquisa mostra que ele também pode desempenhar um papel significativo na condução das mudanças climáticas nos próximos anos.
O ozônio é criado na atmosfera superior pela interação entre as moléculas de oxigênio e a radiação ultravioleta do Sol. Na baixa atmosfera, ele se forma devido a reações químicas entre poluentes, como gases de escape de veículos e outras emissões.
"O ozônio próximo à superfície da Terra é prejudicial às pessoas e ao meio ambiente, mas este estudo revela que ele também tem um grande impacto na capacidade do oceano de absorver o excesso de calor da atmosfera. Estas descobertas são um abridor de olhos e martelam a importância de regular a poluição do ar para evitar o aumento dos níveis de ozônio e as temperaturas globais subindo ainda mais," disse Michaela Hegglin, da Universidade de Reading, no Reino Unido.
Aquecimento causado pelo ozônio
A equipe usou modelos para simular mudanças nos níveis de ozônio na atmosfera superior e inferior entre 1955 e 2000, para isolá-las de outras influências e aumentar a compreensão atual de seu impacto na absorção de calor do Oceano Antártico.
Essas simulações mostraram que uma diminuição do ozônio na atmosfera superior e um aumento na atmosfera inferior contribuíram para o aquecimento observado nos 2 km superiores das águas oceânicas nas altas latitudes pelo aumento geral dos gases de efeito estufa.
Elas revelaram ainda que o aumento do ozônio na baixa atmosfera causou 60% do aquecimento global induzido pelo ozônio observado no Oceano Antártico durante o período estudado - muito mais do que se pensava anteriormente. Isso é surpreendente porque os cientistas sempre pensaram nos aumentos de ozônio troposférico como uma força climática no Hemisfério Norte, que é onde ocorre a maior parte da poluição na Terra.
O ozônio chegou às manchetes na década de 1980, quando se descobriu um buraco na camada de ozônio na alta atmosfera sobre o Pólo Sul, devido aos danos causados pelos clorofluorcarbonos (CFCs), gases usados na indústria e produtos de consumo, como geladeiras. A camada de ozônio é vital para a vida na Terra, filtrando a radiação ultravioleta perigosa e impedindo que a maior parte dela atinja a superfície do planeta. Essa descoberta levou ao Protocolo de Montreal, um acordo internacional para interromper a produção de CFCs.
"Sabemos há algum tempo que o esgotamento do ozônio na alta atmosfera afetou o clima da superfície no Hemisfério Sul. Nossa pesquisa mostrou que o ozônio aumenta na baixa atmosfera devido à poluição do ar, que ocorre principalmente no Hemisfério Norte e 'vaza' para o Hemisfério Sul, o que também é um problema sério. Há esperança de encontrar soluções, e o sucesso do Protocolo de Montreal na redução do uso de CFCs mostra que é possível uma ação internacional para evitar danos ao planeta," disse Hegglin.
Bibliografia:
Artigo: Stratospheric ozone depletion and tropospheric ozone increases drive Southern Ocean interior warming
Autores: Wei Liu, Michaela I. Hegglin, Ramiro Checa-Garcia, Shouwei Li, Nathan P. Gillett, Kewei Lyu, Xuebin Zhang, Neil C. Swart
Revista: Nature Climate Change
Vol.: 12, pages 365-372
DOI: 10.1038/s41558-022-01320-w
Fonte: Inovação Tecnológica / Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/05/2022
https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ozonio-estar-aquecendo-planeta-mais-imaginamos&id=010125220510&ebol=sim#.Ynu2OlTMLIU
Obrigado pela sua visita e volte sempre!
Hélio R.M.Cabral (Economista, Escritor e
Divulgador de conteúdos da Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e
Climatologia).Participou do curso (EAD) de Astrofísica, concluído em 2020, pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Autor do livro: “Conhecendo
o Sol e outras Estrelas”.
Acompanha e
divulga os conteúdos científicos da NASA (National Aeronautics and Space
Administration), ESA (European Space Agency) e outras organizações científicas
e tecnológicas.
Participa do
projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao
Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela
NASA. A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica Brasileira
(SAB), como astrônomo amador.
Participa também
do projeto The Globe Program / NASA Globe Cloud, um Programa de Ciência e
Educação Worldwide, que também tem o objetivo de monitorar o Clima em toda a
Terra. Este projeto é patrocinado pela NASA e National Science Fundation (NSF),
e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e U.S
Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
Page: http://pesqciencias.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário