Caros Leitores,
Imagem fornecida por Unilogic Media Group Ltda colisão planetária - Terra e Theia.
Um novo estudo publicado
nesta semana no periódico Science Advances sugere que grande parte dos
ingredientes necessários ao surgimento da vida na Terra chegou aqui por meio de
uma colisão gigantesca entre o nosso mundo e um outro planeta que,
provavelmente, tinha o tamanho de Marte. O choque teria acontecido há
bilhões de anos, e os cientistas também acreditam que foi a partir dessa colisão
que a Lua foi criada — o que reforça suposições anteriores que já previam que a
Lua seria um subproduto da colisão entre o nosso e outro planeta em seus anos
de formação.
Quando um planeta ainda é estéril, é necessária
uma variedade de compostos químicos (elementos voláteis, incluindo carbono,
nitrogênio e enxofre) para que a vida surja. Acredita-se, por convenção, que
tais elementos voláteis tenham chegado à Terra através de constantes
bombardeios de meteoritos nos anos de formação do nosso planeta, com o novo
estudo propondo a colisão catastrófica com o planeta que muitos chamam de
Theia, há 4,4 bilhões de anos.
A colisão, de acordo com a suposição dos cientistas,
teria então semeado os elementos voláteis na Terra ainda "bebê". E o
estudo conduzido por Damanveer S. Grewal e Rajdeep Dasgupta, da Rice
University, agrada a muitos astrônomos, geólogos e astrobiólogos, que não se
contentam com a ideia de que meteoritos primitivos foram os únicos responsáveis
por semear a vida na Terra. A explicação desse descontentamento é a seguinte: a
assinatura isotópica dos voláteis da Terra coincide com o que já foi observado
em condritos carbonosos (um tipo de meteorito), mas a proporção de elementos
voláteis no silicato, manto, crosta, oceano e atmosfera da Terra não condiz com
o que é observado nos condritos.
Então, o novo
estudo oferece uma solução para essa discrepância, sugerindo que, no lugar de
uma infinidade de pequenos ataques de meteoritos ao longo de muitos e muitos
anos, uma única e enorme colisão entre a Terra e outro planeta proporcionou a
chegada dos elementos necessários à vida de uma só vez.
Mas calma, que os
autores do estudo não tiraram essa ideia "da cartola": os pesquisadores
conduziram um experimento no qual tentaram simular as condições de tal impacto
em laboratório, em ambientes de alta pressão e temperatura, aliados a
simulações de computador alimentadas com todas as informações coletadas ali.
Com esta modelagem, a equipe tentou determinar o tamanho e a composição química
do planeta que teria se chocado contra o nosso, para ver como seu reservatório
de silicatos poderia se misturar com a Terra — o que forneceria os vários
elementos essenciais à vida.
"O que
mostramos no trabalho é que quando se considera carbono, nitrogênio e enxofre
juntos, a entrega por um impacto gigantesco ou a fusão da proto-Terra com um
planeta do tamanho de Marte é a solução mais provável", explica Dasgupta.
Ele e seus colegas aqueceram e pressurizaram materiais que podem ter existido
na Terra durante seu estágio de desenvolvimento, com esses materiais então
sendo misturados ao enxofre, carbono e nitrogênio em uma proporção que
representou a composição química do planeta "invasor" do tamanho de
Marte.
A
colisão de Theia com a Terra teria expelido detritos para o espaço, com esses
pedaços de rocha se unido com a força gravitacional e, consequentemente,
formando a Lua na órbita da Terra (Imagem: Smithsonian Air and Space
Museum)
A dupla também
mostrou que o vidro vulcânico da Lua e o silicato da Terra (material que
envolve o núcleo) têm assinaturas isotópicas similares, o que aponta, portanto,
para uma origem comum entre nosso planeta e seu satélite natural. Sendo assim,
a explicação mais provável é que o enorme impacto não somente forneceu os
"blocos de construção" da vida na Terra, como também produziu a Lua.
Os autores do
estudo se dizem especialistas em experimentos para entender processos
planetários e, por isso, estão tão confiantes de suas suposições. Contudo, é
possível que os materiais que formaram a Terra não sejam exatamente idênticos
aos usados no estudo. É preciso que a ciência conduza mais estudos para
entender o comportamento do carbono, enxofre e nitrogênio em embriões
planetários, especialmente para planetas com a massa da Terra, antes de que
hipótese levantada por este estudo comece a ser aceita pela comunidade
científica como a mais provável de ter acontecido de verdade.
A ideia de que um
gigantesco impacto com a Terra formou a Lua, por sinal, foi proposta pela
primeira vez pelo geólogo canadense Reginald A. Daly na década de 1940, e é uma
das muitas teorias quanto à formação de nosso satélite natural, ganhando mais
força no ano passado quando cientistas analisaram amostras de rochas e do
solo lunar, encontrando fortes evidências de que a Lua e a Terra compartilharam
um passado em comum. Mas Dasgupta ainda pretende incluir dinâmicas e processos
físicos ao seu trabalho, que foi baseado inteiramente no comportamento geoquímico
dos elementos e, com isso, quem sabe esta ideia não ganhe mais força daqui um
tempo — ou de repente ela pode ser derrubada por completo.
Fonte:
Gizmodo
https://www.msn.com/pt-br/noticias/ciencia-e-tecnologia/ingredientes-da-vida-podem-ter-chegado-%C3%A0-terra-com-colis%C3%A3o-com-outro-planeta/ar-BBSEBSb
Obrigado pela sua visita e volte sempre!
HélioR.M.Cabral (Economista,
Escritor e Pesquisador Independente na Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e
Climatologia).
Membro da Society for
Science and the Public (SSP) e assinante de conteúdos científicos da NASA
(National Aeronautics and Space Administration) e ESA (European Space Agency).
Participa do projeto S`Cool Ground Observation
(Observações de Nuvens) que é integrado ao Projeto CERES (Clouds and Earth´s
Radiant Energy System) administrado pela NASA.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA
Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o
objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela
NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and
Atmospheric Administration (NOAA) e U.S Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
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