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Os astrônomos observam o espaço buscando duas coisas: objetos que existem e objetos que, teoricamente, deveriam existir, mas ainda não foram vistos. Um destes acaba de ser encontrado: uma estrela de nêutrons extremamente rara formada pela colisão de duas anãs brancas. Estas observações são algumas das evidências mais claras até hoje de que essas estrelas colidem e se fundem, formando estrelas de nêutrons.
Anãs brancas são remanescentes incrivelmente densas e brilhantes de estrelas mortas. Quando pares de anãs brancas se fundem, os pesquisadores esperam que algo chamado uma supernova do tipo 1a ocorra. Mas, neste caso, o objeto não explodiu – apenas produziu ventos estonteantes e surpreendentes. Resultados como esses ajudam os cientistas a entender supernovas e estrelas anãs brancas em geral.
Fusão não explosiva
Quando uma estrela está nos estágios finais de sua vida, ela começa a fundir outros materiais além do hidrogênio. Estes materiais são determinados pela densidade da estrela. A colisão de duas anãs brancas aumenta drasticamente a densidade do objeto final, permitindo a fusão de elementos mais pesados. Isso deve criar uma reação de fusão descontrolada que afasta as estrelas, mas não foi isso que aconteceu neste caso.
Em vez disso, a colisão dessas duas anãs brancas forneceu calor suficiente para permitir a ignição de carbono não explosivo. Conforme a estrela queima, ela gera pressão térmica suficiente para evitar o colapso e a supernova que seria resultante. Essa é uma ocorrência incrivelmente rara em relação ao comportamento esperado de um par de anãs brancas em colisão.
“Antes de tudo, esses resultados mostram que as fusões entre anãs brancas acontecem. E em segundo lugar, isso mostra que algumas dessas fusões não explodem”, explica Götz Gräfener, astrônomo da Universidade de Bonn e co-autor do estudo, em entrevista ao site Gizmodo.
Características
Como costuma acontecer, a observação desta rara estrela de nêutrons foi por acaso. Os pesquisadores estavam procurando por nuvens de gás e poeira ao redor de estrelas que emitiam infravermelho quando descobriram a estrela, a cerca de 10.000 anos-luz de distância, na constelação de Cassiopeia, usando dados do telescópio espacial Wide-field Infrared Survey Explorer, da Nasa. Eles nomearam o objeto J005311 e o observaram novamente usando um telescópio de seis metros no Observatório Astrofísico Especial da Academia Russa de Ciências. Eles mediram o brilho e o espectro – os diferentes comprimentos de onda da luz – emitidos pelo objeto para determinar o que estava acontecendo.
O vídeo abaixo mostra uma simulação da fusão das duas anãs brancas:
https://youtu.be/HQtZXjktQ-Q
005311 é cerca de 40.000 vezes mais brilhante que o Sol e, com base em suas linhas de emissão, os cientistas afirmam que ele é extremamente quente e está expelindo ventos estelares a 16.000 quilômetros por segundo. E, surpreendentemente, pare ter hidrogênio e hélio em falta. Essas propriedades encaixam com as teorias sobre como um par de anãs brancas deve se parecer, de acordo com o artigo, publicado na revista Nature.
Se os cálculos estiverem corretos, os cientistas podem estar olhando para o precursor de uma supernova. Na massa calculada, o objeto se transformaria em uma estrela de nêutrons de baixa massa e explodiria no que é chamado de supernova de colapso de núcleo tipo 1c, de acordo com o artigo. Isso é diferente do que os cientistas esperam quando anãs brancas colidem – o esperado é que elas se tornem supernovas do tipo 1a.
“Tanto quanto eu posso dizer, a interpretação da fusão da anã branca combina bem com as observações. A velocidade do vento é notável e acho que será importante para futuras observações tentar testar o cenário magnético proposto no artigo”, diz Josiah Schwab, astrofísico teórico da Universidade da Califórnia, não envolvido no estudo, ao Gizmodo. Gräfener, entretanto, prefere ser cauteloso ao classificar o objeto. “Os pesquisadores não podem ter 100% de certeza de que estão observando o resultado da fusão de anãs brancas – pode ser uma estrela enorme que perdeu muito material, embora essa interpretação não corresponda aos dados”, afirma. [Extreme Tech, Gizmodo]
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HélioR.M.Cabral (Economista,
Escritor e Pesquisador Independente na Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e
Climatologia).
Membro da Society for
Science and the Public (SSP) e assinante de conteúdos científicos da NASA
(National Aeronautics and Space Administration) e ESA (European Space Agency).
Participa do projeto S`Cool Ground Observation
(Observações de Nuvens) que é integrado ao Projeto CERES (Clouds and Earth´s
Radiant Energy System) administrado pela NASA.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA
Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o
objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela
NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and
Atmospheric Administration (NOAA) e U.S Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
SE
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