Cientistas coletaram
a primeira prova experimental do tipo de fusão nuclear que ocorre no Sol. A
descoberta foi feita por uma equipe internacional com 100 cientistas da
Borexino Collaboration, um experimento de neutrino solar no subsolo de um
laboratório italiano.
As estrelas geram energia
por um processo conhecido como "queima de hidrogênio", no qual
acontece a conversão de hidrogênio em hélio. Isso pode ocorrer de duas maneiras.
*Pela reação
próton-próton na qual a fusão de dois núcleos de hidrogênio dá origem ao
deutério e, assim, formando o hélio.
*Pelo ciclo
carbono-nitrogênio-oxigênio (CNO), que envolve elementos mais pesados, como
carbono, nitrogênio e oxigênio.
O primeiro processo
normalmente é predominante em estrelas menores, como o Sol. Já o segundo ocorre
principalmente em estrelas maiores e mais quentes.
O artigo publicado
esta semana na revista Nature revela que o Sol realiza o ciclo de fusão CNO, um
processo que envolve elementos pesados para uma estrela do seu tamanho.
Essa descoberta é
muito importante para a ciência porque confirma que o ciclo CNO existe — algo
que os cientistas não foram capazes de provar desde a hipótese dele nos anos
1930. Ou seja, esse ciclo nunca foi detectado diretamente em nenhuma estrela
antes. Além disso, confirmou que o processo ocorre em estrelas menores.
Neutrinos
Os processos de fusão
produzem uma enorme quantidade de neutrinos, partículas subatômicas
extremamente elusivas e desprovidas de carga elétrica. Essas partículas são
constantemente disparadas pelo núcleo do Sol e passam direto pela Terra.
Até 420 bilhões de
neutrinos atingem cada centímetro quadrado da superfície da Terra por segundo.
Mas detectá-los não é a tarefa mais fácil. Para isso, os cientistas precisam de
detectores muito grandes com níveis de radiação de fundo excepcionalmente
baixos.
O detector Borexino
está no Laboratori Nazionali del Gran Sasso do INFN, localizado no Apeninos,
centro da Itália. Até então ele já havia conseguido detectar neutrinos da
cadeia próton-próton. Esta é a primeira vez que conseguiu captar essas
partículas liberadas pelo ciclo CNO, que são bem mais raras.
"A confirmação
da queima do CNO em nosso Sol reforça nossa confiança de que entendemos como as
estrelas funcionam", disse o físico Andrea Pocar da UMass Amherst no
comunicado.
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