Caros Leitores;
Simulação da colisão
entre dois buracos negros e das ondas gravitacionais resultantes (Imagem:
Reprodução:Raúl Rubio/The Virgo Collaboration)
Buracos negros
podem ser muito contraditórios, especialmente se as ideias de Stephen Hawking estiverem corretas — e
aparentemente estão. Em março, um estudo fortaleceu a hipótese da radiação
Hawking, através da qual um buraco negro pode encolher até evaporar.
Contudo, uma nova pesquisa confirma que a área de buracos negros não pode
encolher. Por mais conflitantes que essas afirmações pareçam ser, ambas podem
estar corretas.
· Estes
buracos negros simplesmente não podem existir
· Buracos
negros podem ser deformados pela gravidade? Este estudo diz que sim
· Qual
é a diferença entre buraco negro e buraco de minhoca?
Na década de 1970, Hawking, com os
cientistas James Bardon e Brandon Carter, postulou as quatro leis da mecânica
dos buracos negros. Para alguns, elas pareciam um paralelo com as leis da
termodinâmica, mas Hawking era relutante à ideia de juntar a entropia aos
buracos negros. E naquela época, havia um bom motivo para isso: não podia haver
entropia sem radiação, e buracos negros não seriam capazes de emitir nenhum
tipo de energia (ou radiação).
Essa convicção de
Hawking se despedaçou poucos anos depois, como veremos mais adiante. Mas a
segunda lei da mecânica dos buracos negros é particularmente interessante: a
área de um buraco negro jamais
poderia diminuir de tamanho. A “área de um buraco negro” é o espaço além do
horizonte de eventos, que é o ponto de onde nada, nem a luz, pode escapar. Se
nada pode sair de um buraco negro, ele não pode encolher, apenas crescer. Um
meio de fazer buracos negros crescerem é deixar alguma matéria cair dentro
deles, mas e se juntarmos dois buracos negros?
Os autores do novo estudo estavam
atrás da resposta para essa pergunta e, para isso, analisaram os dados de um
evento cósmico catalogado como GW150914 — a primeira detecção de ondas
gravitacionais feita por seres humanos. Essas ondas, detectadas em 2015, foram
o resultado de um grande impacto e subsequente fusão entre dois buracos negros.
O evento GW150914 se tornou um marco para a física, pois com ele, as teorias de
Einstein na Relatividade Geral foram confirmadas mais uma vez.
Pois bem, se a
mecânica de Hawking estiver correta, essa colisão entre dois buracos negros
deve necessariamente resultar em um buraco negro de área maior que a dos
buracos negros originais. Mas isso pode contrariar outra propriedade teórica da
física dos buracos negros: se puderem girar rápido o suficiente, eles
encolheriam. Rotação não é um problema para esses objetos; aliás, quando
estavam em rota de colisão, os buracos negros do evento GW150914 estavam
girando bem rápido. Mas será que eles encolheram no final do processo? Ou a
segunda lei da mecânica de Hawking falou mais alto?
De acordo com o novo estudo, a
mecânica de Hawking se provou correta. As analisar aquelas ondas
gravitacionais, os autores as dividiram em duas — pré-fusão e fusão, ou seja,
antes e depois da colisão entre os dois buracos negros. Eles descobriram que as
ondas primeiro espiralavam uma em direção à outra em alta velocidade e, após se
fundirem, se transformaram em uma única onda correspondente a um buraco negro
de área maior que a área dos buracos negros individuais correspondentes às duas
ondas pré-fusão.
Isso deixa os cientistas com mais de
95% de confiança na lei da área dos buracos negros de Hawking. Os autores
disseram que esses resultados correspondem ao que eles esperavam encontrar, e
também afirmaram que não podemos girar um buraco negro o suficiente para fazer
com que ele diminua. "Você fará com que ele gire mais, mas não o
suficiente para contrabalançar a massa que acabou de adicionar", disse
Maximiliano Isi, autor principal da pesquisa. "Faça o que fizer, a massa e
o giro farão com que você fique com uma área maior”, completou.
Mas ainda restam problemas para
resolver, como a radiação Hawking, que é consequência da incompatibilidade
entre a Relatividade Geral e a mecânica quântica. Lembra que as convicções de
Hawking sobre a entropia e buracos negros se despedaçaram alguns anos após
postular suas quatro leis da mecânica? Isso aconteceu quando ele descobriu que
buracos negros podem emitir uma certa radiação e evaporar, graças ao Princípio
da Incerteza de Heisenberg, e tal ideia revolucionária foi parcialmente
evidenciada em experimentos de laboratório.
Simulação de interação entre dois buracos negros (Imagem: Reprodução/Goddard Space Flight Center/Schnittman/Brian P. Powell)
Por enquanto, esse paradoxo pode ser resolvido com o prazo que os buracos negros têm para evaporar. “Estatisticamente, durante um longo período de tempo, a lei é violada”, disse Isi. "É como água fervente, você obtém vapor saindo de sua panela, mas se você olhar apenas para a água que desaparece dentro dela, você pode ficar tentado a dizer que a entropia da panela está diminuindo. Mas se você tomar o vapor em consideração também, sua entropia geral aumentou. É o mesmo com os buracos negros e a radiação Hawking”.
Em outras palavras, levará tanto tempo para os buracos negros evaporarem — mais que a idade atual do universo — que provavelmente eles serão os últimos objetos a “morrerem” no universo. E com a emissão da radiação Hawking, podemos dizer que a entropia é mantida mesmo assim. Desse modo, a segunda lei da mecânica dos buracos negros é mantida e os pesquisadores podem se concentrar nos próximos passos, que é analisar mais ondas gravitacionais. "Estou obcecado por esses objetos por causa do quão paradoxais eles são”, disse Isi. “Eles são extremamente misteriosos e confusos, mas, ao mesmo tempo, sabemos que são os objetos mais simples que existem”.
Fonte: Space.com
Fonte: Canaltech / Por |
Editado por Patrícia Gnipper
/ 21-06-2021
https://canaltech.com.br/espaco/teoria-de-stephen-hawking-e-confirmada-por-colisao-entre-dois-buracos-negros-187844/
Obrigado pela sua visita e volte sempre!
Hélio R.M.Cabral
(Economista, Escritor e Divulgador de conteúdos da
Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).Participou do curso (EAD)
de Astrofísica, concluído em 2020, pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC).
Autor do livro: “Conhecendo o Sol e outras Estrelas”.
Acompanha e
divulga os conteúdos científicos da NASA (National Aeronautics and Space
Administration), ESA (European Space Agency) e outras organizações científicas
e tecnológicas.
Participa
do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao
Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela
NASA.A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica
Brasileira (SAB), como astrônomo amador.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA
Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o
objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela
NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric
Administration (NOAA) e U.S Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
Page:
http://pesqciencias.blogspot.com.br
Page: http://livroseducacionais.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário