Caros Leitores;
Nesta
última década, a ciência conquistou grandes avanços em estudos sobre Marte,
muito disso graças à missão do rover Curiosity, da NASA. E esta próxima
década pode ser ainda mais emocionante, com a possível descoberta de vida
marciana e o pouso dos primeiros astronautas no Planeta Vermelho.
Nas
pesquisas, cientistas fizeram muitas descobertas sobre a história e a evolução
de Marte, incluindo o fato de que, há muito tempo, pelo menos algumas partes do
planeta já foram capazes de sustentar a vida por longos períodos. O próximo
passo é descobrir se, de fato, já existiu alguma forma de vida por lá. Para
isso, a NASA lançará em julho deste ano o rover Mars 2020 e
a ESA lançará como parte da missão ExoMars o rover Rosalind Franklin,
em parceria com a Rússia.
Além
disso, se os planos da SpaceX derem
certo, a espaçonave Starship poderá levar humanos para pisar no Planeta
Vermelho já nos próximos 10 anos — ainda que esse cronograma seja visto com
desconfiança por muitos, já que a própria NASA não deverá fazer o mesmo antes
de 2030.
Em busca de
sinais de vida
Imagem: NASA)
A exploração de Marte começou nos anos 1970 com o pouso das sondas
Viking 1 e Viking 2, da NASA. Cada uma realizou quatro experimentos biológicos,
mas os resultados foram, no mínimo, ambíguos. As missões Viking "nos
mostraram que a vida é muito difícil de encontrar", disse o cientista do
Curiosity, Ashwin Vasavada. Era preciso repensar a estratégia.
Assim, a NASA criou um programa estratégico de exploração projetado para
determinar melhor as características de Marte, e lançou uma série de missões.
Este trabalho aumentou na década de 2010, com o rover Curiosity que seguiu os
passos dos veículos Spirit e Opportunity, além da sonda estacionaria InSight e
das sondas orbitais Mars Odyssey, Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) e o Mars
Atmosphere and Volatile Evolution (MAVEN). E, além da NASA, a Índia lançou a
Mars Orbiter Mission (MOM), em 2013, com a Europa lançando a Trace Gas Orbiter
(TGO) em 2016.
Todo esse trabalho levou a comunidade científica a uma melhor
compreensão sobre o planeta, e preparou o caminho para as missões Mars 2020 e
ExoMars. Uma das descobertas mais valiosas foi feita com a ajuda da MAVEN, por
sinal: Marte provavelmente perdeu a maior parte de sua atmosfera cerca de 3,7
bilhões de anos atrás. "Acho que as evidências são convincentes de que
Marte cumpriu, no passado, todos os requisitos para a ocorrência da vida ou sua
origem", disse Bruce Jakosky, pesquisador principal da MAVEN.
Por isso há grandes expectativas para o início da próxima década, com as
missões Mars 2020 e ExoMars. Os novos rovers usarão instrumentos científicos
ainda mais modernos para procurar por sinais químicos da antiga vida que,
talvez, existiu em Marte.
O rover Rosalind Franklin, da missão marciana conjunta entre Europa e
Rússia, está programado para pousar em solo marciano em março de 2021,
provavelmente na região Oxia Planum, uma planície no hemisfério norte que
apresenta muitas evidências de antiga atividade aquática. É lá que o veículo,
movido a energia solar, usará suas câmeras e instrumentos científicos para
procurar por bioassinaturas. O rover está equipado com uma broca que pode
perfurar 2 metros abaixo da superfície do Planeta Vermelho para buscar por
esses vestígios.
Rover Rosalind Frankin, da missão ExoMars, da ESA
em parceria com a Roscosmos, da Rússia
Por sua vez, o rover Mars 2020 (que em breve receberá um apelido por
meio de um concurso), fará um trabalho semelhante em outra região, a Cratera
Jezero, que tem 45 km de largura. Os cientistas acreditam que Jezero era o lar
de um lago e o delta de um antigo rio. Por isso este é um bom lugar para
procurar por vestígios de vida, já que os deltas de rios aqui na Terra são bons
em preservar bioassinaturas.
Embora as abordagens sejam parecidas, o Mars 2020 não será capaz de
perfurar tão profundamente quanto o Rosalind Franklin. Mas o rover da NASA não
vai se limitar a perfurar e analisar os materiais coletados, pois ele trará
várias amostras de volta à Terra, onde cientistas poderão analisá-las em
detalhes nos melhores laboratórios do mundo.
Por fim, há outros países atrás de mais informações sobre Marte. A
China, por exemplo, pretende lançar um veículo espacial ao Planeta Vermelho em
julho deste ano, no mesmo período que a NASA e a ESA lançarão suas missões. É
que nessa data a Terra e Marte se alinham adequadamente para enviar
espaçonaves, uma janela que acontece apenas uma vez a cada 26 meses.
Os Emirados Árabes Unidos também planejam uma missão no Planeta
Vermelho, com o orbitador chamado Hope Mars. Ainda, Japão está trabalhando para
enviar uma sonda para lá em 2022, e a Índia planeja lançar um módulo de pouso,
um veículo exploratório e um orbitador também.
Missões tripuladas
Cientistas da missão Mars 2020 da NASA e da Agência
Espacial Européia - RoscosmosExoMars estão no interior australiano para
aprimorar técnicas de pesquisa antes de suas missões serem lançadas no planeta
vermelho no verão de 2020. Eles esperam entender melhor como procurar sinais de
vida antiga em Marte. A região de Pilbara, no noroeste da Austrália,
abriga "estromatólitos", as formas de vida fossilizadas confirmadas
mais antigas da Terra. Crédito: Jet PropulsionLaboratory
A equipe Mars 2020 espera
explorar o chão e o delta da cratera durante a missão principal de dois anos do
veículo espacial. Horgan disse que a equipe espera alcançar a borda da
cratera e seus carbonatos perto do final desse período.
"A possibilidade de os
'carbonatos marginais' formados no ambiente do lago serem uma das
características mais emocionantes que nos levaram ao nosso local de pouso em
Jezero. A química dos carbonatos em uma antiga margem do lago é uma receita
fantástica para preservar registros da vida e do clima antigos". disse Ken
Williford, cientista adjunto do projeto Mars 2020, do Laboratório de Propulsão
a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia. O JPL lidera a missão
2020. "Estamos ansiosos para chegar à superfície e descobrir como esses
carbonatos se formaram".
A antiga margem do lago de
Jezero não é o único lugar que os cientistas estão animados para
visitar. Um novo estudo na GeophysicalResearchLetters aponta
para um rico depósito de sílica hidratada na beira do antigo delta do
rio. Como os carbonatos, esse mineral é excelente em preservar os sinais
da vida antiga. Se esse local for à camada inferior do delta, será um
local especialmente bom para procurar fósseis microbianos enterrados.
Obrigado pela sua visita e volte sempre!
Hélio R.M.Cabral
(Economista, Escritor e Divulgador de conteúdos da
Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).
Membro da Society for
Science and the Public (SSP) e assinante de conteúdos científicos da NASA
(National Aeronautics and Space Administration) e ESA (European Space Agency).
Participa
do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao
Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant Energy System) administrado pela
NASA.A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica
Brasileira (SAB), como astrônomo amador.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA
Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o
objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela
NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric
Administration (NOAA) e U.S Department of State.
e-mail: heliocabral@coseno.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário