Em estudo publicado na revista Science Advances, um grupo de cientistas chegou à conclusão que a região mais habitável para a vida em Marte teria sido até vários quilômetros abaixo de sua superfície.
Publicação de pesquisadores do Rutgers University-New Brunswick, do Dartmouth College, da Louisiana State University e do Planetary Science Institute pode ajudar a resolver o que é conhecido como o paradoxo do jovem Sol fraco, questão chave para entender a origem da vida em Marte.
O paradoxo do jovem Sol fraco trata da contradição aparente entre observações de água líquida no início da história da Terra (e também de Marte), e a predição astrofísica de que o brilho do Sol na época era de apenas 70% em relação ao presente, insuficiente para manter água no estado líquido.
A publicação parte do entendimento de que nosso Sol é um enorme reator de fusão nuclear, que gera energia pela fusão de hidrogênio em hélio. Com o tempo, o astro aqueceu a superfície dos planetas em nosso Sistema Solar. Porém, cerca de quatro bilhões de anos atrás, o Sol estava muito mais fraco, então o clima do início de Marte deveria ser congelante.
Os pesquisadores sustentam, no entanto, que a superfície de Marte tem muitos indicadores geológicos, como leitos de rios antigos, e indicadores químicos, como minerais relacionados à água, que sugerem que o planeta vermelho tinha água líquida abundante há cerca de 4,1 bilhões. Essa aparente contradição entre o registro geológico e os modelos climáticos é onde está o paradoxo do jovem Sol fraco na questão envolendo a vida no planeta vermelho.
"Mesmo que gases de efeito estufa como dióxido de carbono e vapor d'água sejam bombeados para a atmosfera marciana em simulações de computador, os modelos climáticos ainda lutam para sustentar um Marte quente e úmido de longo prazo", disse a autora Lujendra Ojha, professora assistente do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias na Escola de Artes e Ciências da Rutgers University-New Brunswick.
Em planetas rochosos como Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, elementos produtores de calor como urânio, tório e potássio geram calor por decaimento radioativo.
Em tal cenário, a água líquida pode ser gerada através do derretimento no fundo de espessas camadas de gelo, mesmo se o Sol estiver mais fraco do que agora. Na Terra, por exemplo, o calor geotérmico forma lagos subglaciais em áreas do manto de gelo da Antártica Ocidental, Groenlândia e Ártico canadense.
Para os cientistas que publicaram o estudo, é provável que um derretimento semelhante possa ajudar a explicar a presença de água líquida em Marte há quatro bilhões de anos. Independentemente da natureza real do antigo clima marciano, a subsuperfície (abaixo da terra) teria sido a região mais habitável de Marte.
Os cientistas examinaram vários conjuntos de dados de Marte para ver se o aquecimento via calor geotérmico teria sido possível neste período. Eles mostraram que as condições necessárias para o derretimento subterrâneo seriam onipresentes.
Mesmo se Marte tivesse um clima quente e úmido há quatro bilhões de anos, com a perda do campo magnético, afinamento atmosférico e subsequente queda nas temperaturas globais ao longo do tempo, a água líquida pode ter sido estável apenas em grandes profundidades. Portanto, a vida, se alguma vez se originou em Marte, pode ter seguido a água líquida a profundidades progressivamente maiores.
"Em tais profundidades, a vida poderia ter sido sustentada por atividade hidrotérmica (aquecimento) e reações rocha-água", disse Ojha. "Portanto, a subsuperfície pode representar o ambiente habitável de vida mais longa em Marte".
Fonte: Sputnik News / 07-12-2020
https://br.sputniknews.com/amp/ciencia_tecnologia/2020120216549003-cientistas-fazem-descoberta-impressionante-sobre-a-vida-em-marte/#webview=1&cap=swipe?amp_js_v=0.1
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HélioR.M.Cabral (Economista,
Escritor e Divulgador de conteúdos da
Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).Participou do curso de
Astrofísica, concluído em 2020, pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC).
Autor do livro: “Conhecendo o Sol e outras Estrelas”.
Membro da Society for
Science and the Public (SSP) e assinante de conteúdos científicos da NASA
(National Aeronautics and Space Administration) e ESA (European Space Agency).
Participa
do projeto S`Cool Ground Observation (Observações de Nuvens) que é integrado ao
Projeto CERES (Clouds and Earth´sRadiant Energy System) administrado pela NASA.A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica
Brasileira (SAB), como astrônomo amador.
Participa também do projeto The Globe Program / NASA
Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação Worldwide, que também tem o
objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este projeto é patrocinado pela
NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado pela National Oceanic and Atmospheric
Administration (NOAA) e U.S Department of State.
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