Donald Trump queria ser o presidente que voltaria a enviar astronautas americanos para a Lua, mas a sua administração acabou por ser responsável por um programa espacial com futuro incerto.
Várias partes do programa Artemis, como o foguete portador SLS (Space Launch System) e a espaçonave Orion, estão bilhões de dólares acima do orçamento planejado. Isto significa que outros projetos promissores da NASA, em princípio, não terão financiamento suficiente que possa garantir seu sucesso. Desse modo, é possível que a NASA não atinja seu objetivo de voltar a enviar astronautas americanos para a Lua em 2024, segundo o The Japan Times.
Agora, o presidente eleito Joe Biden terá a importante tarefa de decidir o que acontecerá a seguir.
Ele deverá tomar em atenção o que tem distinguido o programa espacial americano nos últimos anos: o poder das empresas privadas.
Voltar à Lua - sonho americano vira pesadelo
Desde 1989, vários presidentes dos EUA têm apoiado o retorno ao satélite natural da Terra, uma vez que, teoricamente, poderia fornecer uma base útil para projetos espaciais de maior dimensão, tais como chegar a Marte, diz o artigo.
A tentativa mais ambiciosa de voltar à Lua, conhecida como projeto Constelação, teve início com o presidente George W. Bush em 2005. A sua meta era enviar à Lua astronautas americanos até 2020, no entanto, em 2010, o projeto estava tão atrasado, com necessidade de maior financiamento e sem perspectivas realistas de sucesso antes dos anos 2030, que o presidente Barack Obama pediu ao Congresso que acabasse com o financiamento do programa.
Em seu lugar, Obama propôs uma nova iniciativa que mantinha a cápsula Orion, mas que visava levar os humanos para além da Lua.
Supostamente, construir algo com base em designs já existentes deveria ter acelerado o desenvolvimento dos novos programas espaciais, mas foi precisamente o oposto que aconteceu.
A causa destes programas continuarem com problemas não se conhece exatamente, mas uma coisa é certa: o Congresso tem financiado cada vez menos os projetos aprovados pela NASA, alongando assim os prazos e criando novas despesas. Uma alternativa mais eficiente seria a existência de contratos com preços fixos, onde as companhias ficam com os fundos que possam sobrar, conforme descrito no jornal.
Novas estratégias
No início de 2006, a NASA começou a utilizar o tipo de contratos acima mencionado com a intenção de fortalecer o desenvolvimento de companhias capazes de chegar a Estação Espacial Internacional.
Esta iniciativa tem tido melhores resultados do que o previsto. Por exemplo, em 2011, a SpaceX conseguiu desenvolver um foguete portador, o Falcon 9, em boas condições por apenas US$ 390 milhões (aproximadamente R$ 2 bilhões), ao invés de um custo provável de US$ 1,7 bilhão - US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 8,8 bilhões - R$ 20 bilhões).
Atualmente, esse mesmo foguetão é responsável por enviar equipamentos e astronautas para companhias e agências espaciais em todo o mundo.
A partir de janeiro, é possível que Biden tome uma decisão sobre o programa Artemis idêntica à tomada sobre o Constelação. Caso isso aconteça, o primeiro passo deverá ser a eliminação do foguete SLS e da espaçonave Orion de uma vez, favorecendo alternativas mais baratas do setor privado, diz a mídia japonesa.
Vários advogados envolvidos no assunto vão argumentar que o programa Artemis, entre outros, tem custos demasiado altos para "simplesmente" ser suspenso. Porém, essa é a mentalidade que tem prejudicado a NASA por mais de uma década.
Tudo isso não significa que o retorno à Lua pelos EUA deixará de ser uma prioridade, mas o jeito de chegar lá terá de mudar.
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