Em um artigo publicado na Review of Scientific Instruments, os cientistas detalham como VENUS - um acrônimo da frase francesa Vers de Nouvelles Syntheses, que significa "em direção a novas sínteses" - imita como as moléculas se unem na escuridão congelante do espaço interestelar.
"Tentamos simular como moléculas orgânicas complexas são formadas em um ambiente tão hostil ", disse Emanuele Congiu, um dos autores e astrofísico do observatório. "Os observatórios podem ver muitas moléculas no espaço. O que não entendemos ainda, ou totalmente, é como se formaram neste ambiente hostil".
VENUS tem uma câmara projetada para replicar o forte vácuo do espaço, enquanto mantém uma temperatura gélida que é definida abaixo de 400 graus Fahrenheit negativos (10 kelvins). Ele usa até cinco feixes para entregar átomos ou moléculas em uma pequena lasca de gelo sem perturbar o ambiente.
Esse processo, disse Congiu, replica a forma como as moléculas se formam no gelo que fica sobre minúsculas partículas de poeira encontradas dentro das nuvens interestelares. VENUS é o primeiro dispositivo a fazer a replicação com mais de três feixes, o que permite aos pesquisadores simular interações mais complicadas.
Nos últimos 50 anos, quase 200 espécies moleculares diferentes foram descobertas nas regiões de formação de estrelas do espaço. Alguns deles, as chamadas "espécies prebióticas", são considerados pelos cientistas como envolvidos nos processos que levam às primeiras formas de vida.
Um uso chave do dispositivo VENUS será trabalhar em conjunto com cientistas que descobrem reações moleculares no espaço, mas precisam de uma compreensão mais completa do que observaram. Ele menciona especificamente o lançamento do Telescópio Espacial James Webb da NASA, que está programado para 2021. O maior e mais poderoso telescópio espacial já lançado, espera-se que expanda dramaticamente o conhecimento dos cientistas sobre o universo.
"O que podemos fazer no laboratório em um dia leva milhares de anos no espaço", disse Congiu. "Nosso trabalho no laboratório pode complementar a riqueza de dados que vem dos observatórios espaciais. Caso contrário, os astrônomos não seriam capazes de interpretar todas as suas observações. Os pesquisadores que fazem observações podem nos pedir para simular uma determinada reação, para ver se o quê eles pensam que vêem se é real ou não".
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