Caros Leitores;
Um dos maiores desafios das viagens espaciais está no uso de combustível. Quanto mais combustível uma nave precisa, mais peso ela precisa carregar, algo que pode prejudicar o planejamento de viagens de grande distância. Desde os primeiros anos da era espacial, o sonho de viajar até outro sistema solar foi prejudicado por essa questão, que impõe limites rígidos à velocidade e ao tamanho da espaçonave que lançamos no cosmos. Mesmo com os motores de foguete mais potentes da atualidade, os cientistas estimam que levaria 50 mil anos para chegar ao nosso vizinho interestelar mais próximo, a estrela Alpha Centauri.
Um dos maiores desafios das viagens espaciais está no uso de combustível. Quanto mais combustível uma nave precisa, mais peso ela precisa carregar, algo que pode prejudicar o planejamento de viagens de grande distância. Desde os primeiros anos da era espacial, o sonho de viajar até outro sistema solar foi prejudicado por essa questão, que impõe limites rígidos à velocidade e ao tamanho da espaçonave que lançamos no cosmos. Mesmo com os motores de foguete mais potentes da atualidade, os cientistas estimam que levaria 50 mil anos para chegar ao nosso vizinho interestelar mais próximo, a estrela Alpha Centauri.
Uma das possibilidades mais radicais de
resolver este problema é simplesmente não usar combustível. Parece bom demais
para ser verdade, mas alguns cientistas estão trabalhando com essa
possibilidade. Existem diversos conceitos avançados de propulsão que,
teoricamente, poderiam fazer isso. Um dos que mais empolgam os pesquisadores é
o EmDrive. Descrito pela primeira vez há quase duas décadas, o EmDrive funciona
convertendo eletricidade em microondas e canalizando essa radiação
eletromagnética através de uma câmara cônica.
Em teoria, as microondas podem exercer
força contra as paredes da câmara, o suficiente para impulsionar uma espaçonave
que já esteja no espaço. Por enquanto, porém, este tipo de propulsão sem
combustível existe apenas como um protótipo de laboratório, e ainda não está
claro se este sistema é realmente capaz de produzir propulsão. Em caso
afirmativo, as forças que ele gera não são fortes o suficiente para serem
registradas a olho nu, muito menos propelir uma espaçonave.
Nos últimos anos, no entanto, um
punhado de equipes de pesquisa, incluindo uma da NASA, afirma ter tido sucesso
com um EmDrive. Se for verdade, isso equivaleria a um dos maiores avanços na
história da exploração espacial. O problema é que a propulsão observada nesses
experimentos é tão pequena que é difícil dizer se ele é real.
A solução seria projetar uma ferramenta
que possa medir essas quantidades minúsculas de propulsão. Assim, uma equipe de
físicos da Technische Universität Dresden, da Alemanha, decidiu criar um
dispositivo que preenchesse essa necessidade. Liderado pelo físico Martin
Tajmar, o projeto SpaceDrive visa criar um instrumento tão sensível e imune à
interferência que acabaria com o debate de uma vez por todas.
Quebrando as
leis da física
Muitos cientistas e engenheiros descartam o EmDrive porque essa
abordagem parece violar as leis da física. Microondas empurrando as paredes de
uma câmara EmDrive parecem gerar propulsão ex nihilo, o que entra em conflito
com a lei da conservação do momento – é tudo ação e nenhuma reação. Seria como criar
força do nada.
Os proponentes do EmDrive, por sua vez, recorrem a
interpretações da mecânica quântica para explicar como o EmDrive poderia
funcionar sem violar a física newtoniana. “Do ponto de vista da teoria, ninguém
leva isso a sério”, diz Tajmar, segundo matéria do portal Wired. Se o EmDrive é
capaz de produzir propulsão, como alguns grupos afirmaram, ele diz que não há
“nenhuma pista de onde esta propulsão está vindo”. Quando há uma falha teórica
dessa magnitude na ciência, Tajmar diz que a experimentação é a única maneira
de chegar a uma conclusão.
Alpha Centauri, nossa vizinha mais
próxima. Imagem: ESO
No final de 2016, Tajmar e outros 25 físicos se reuniram nos
EUA para a primeira conferência dedicada ao EmDrive e sistemas de propulsão
exóticos e sem combustível. Uma das apresentações mais empolgantes foi dada por
Paul March, físico do Laboratório Eagleworks da NASA, onde ele e seu colega
Harold White estavam testando vários protótipos do EmDrive. De acordo com a
apresentação e um artigo subsequente publicado no Journal of Propulsion and
Power, ele e White observaram várias dúzias de micro-newtons de propulsão em
seu protótipo. É pouco – a título de comparação, um único motor Merlin da
SpaceX produz cerca de 845.000 Newtons de propulsão no nível do mar – mas é
alguma coisa. O problema para Harold e White, no entanto, era que sua
configuração experimental permitia várias fontes de interferência, então eles
não podiam dizer com certeza se o que eles observaram foi realmente propulsão.
Tajmar e o grupo de Dresden usaram uma réplica do protótipo
EmDrive usado por Harold e White em seus testes na NASA. O aparelho consiste em
um cone de cobre com a parte de cima cortada com pouco menos de trinta
centímetros de comprimento, projeto do engenheiro Roger Shawyer, que descreveu
pela primeira vez o EmDrive em 2001. Durante os testes, o cone EmDrive é
colocado em uma câmara de vácuo. Fora da câmara, um dispositivo gera um sinal
de microondas que é retransmitido, usando cabos coaxiais, para antenas dentro
do cone.
Medindo
o (quase) nada
Esta não é a primeira vez que a equipe de Dresden procura medir
quantidades de força quase imperceptíveis. Eles construíram engenhocas
semelhantes para seu trabalho em propulsores de íons, que são usados para
posicionar precisamente os satélites no espaço. Esses propulsores micro-newton
são do tipo que foram usados pela missão LISA Pathfinder, que precisa de uma
capacidade de posicionamento extremamente precisa para detectar fenômenos
fracos como ondas gravitacionais. Mas, para estudar o EmDrive e sistemas
similares de propulsão sem propulsão, diz Tajmar, era necessária uma resolução
nano-newton.
A abordagem deles era usar uma balança de torção, um
tipo de pêndulo que mede a quantidade de torque aplicada ao seu eixo. Uma
versão menos sensível desse equilíbrio também foi usada pela equipe da NASA
quando eles presenciaram seu EmDrive produzindo propulsão. Para medir com
precisão a pequena quantidade de força, a equipe de Dresden usou um
interferômetro a laser para medir o deslocamento físico das escalas de
equilíbrio produzidas pelo EmDrive. De acordo com Tajmar, sua escala de torção
tem uma resolução nano-newton e suporta propulsores pesando vários quilos,
tornando-se o equilíbrio mais sensível que existe.
O próximo passo é determinar se a força detectada é de fato
impulsionada e não um resultado de interferência externa. E há muitas
explicações alternativas para as observações de Harold e White. Para determinar
se um EmDrive realmente produz propulsão, os pesquisadores devem ser capazes de
proteger o dispositivo de interferências causadas pelos pólos magnéticos da
Terra, vibrações sísmicas do ambiente e a expansão térmica do EmDrive devido ao
aquecimento das microondas.
Os ajustes no design do balanço de torção – para controlar melhor a fonte de alimentação do EmDrive e protegê-lo de campos magnéticos – resolveram alguns dos problemas de interferência, diz Tajmar ao Wired. Um problema mais difícil foi como lidar com o “desvio térmico”. Quando a energia flui para o EmDrive, o cone de cobre aquece e se expande, o que desloca seu centro de gravidade o suficiente para fazer com que o balanço de torção registre força que pode ser confundida com propulsão. Tajmar e sua equipe esperavam que mudar a orientação do propulsor ajudasse a resolver esse problema.
Ao longo de 55
experimentos, Tajmar e seus colegas registraram uma média de 3,4 micro-newtons
de força do EmDrive, número muito semelhante ao que a equipe da NASA encontrou.
Infelizmente, essas forças não parecem passar no teste de deriva térmica. As
forças vistas nos dados foram mais indicativas de expansão térmica do que de
propulsão.
A esperança ainda existe, entretanto. Tajmar e seus colegas estão
desenvolvendo paralelamente dois tipos adicionais de balanças de propulsão,
incluindo um supercondutor que, entre outras coisas, ajudará a eliminar falsos
positivos produzidos por deriva térmica. Se eles detectarem a força de um
EmDrive nesses saldos, há uma grande probabilidade de que ela seja realmente
resultado de uma impulsão. Mas, se nenhuma força for registrada, isso
provavelmente significa que todas as observações anteriores do EmDrive foram
falsos positivos. Um veredicto final deve ser obtido até o final do ano.
Mesmo um resultado negativo desse trabalho, porém, pode não acabar
com o EmDrive e a esperança de viajar sem combustível pelo espaço. Existem
muitos outros projetos de propulsão sem combustível, e, se os cientistas alguma
vez desenvolverem novas formas de propulsão dessa forma, os equilíbrios de
propulsão hipersensíveis desenvolvidos por Tajmar e pela equipe de Dresden
certamente serão utilizados para diferenciar o que realmente funciona do que
ainda está no campo da ficção. [Futurism, Wired]
Fonte: Hype Science / Por Jéssica Maes, em 7.06.2019
https://hypescience.com/propulsor-sem-combustivel-esta-sendo-testado-na-alemanha/
https://hypescience.com/propulsor-sem-combustivel-esta-sendo-testado-na-alemanha/
Obrigado pela sua
visita e volte sempre!
Hélio
R.M. Cabral (Economista, Escritor e Divulgador de
conteúdos da Astronomia, Astrofísica, Astrobiologia e Climatologia).
Membro
da Society for Science and the Public (SSP) e assinante de conteúdos científicos
da NASA (National Aeronautics and Space Administration) e ESA (European Space
Agency).
Participa do projeto S`Cool Ground Observation
(Observações de Nuvens) que é integrado ao Projeto CERES (Clouds and Earth´s Radiant
Energy System) administrado pela NASA. A partir de 2019, tornou-se membro da Sociedade Astronômica
Brasileira (SAB), como astrônomo amador.
Participa também do
projeto The Globe Program / NASA Globe Cloud, um Programa de Ciência e Educação
Worldwide, que também tem o objetivo de monitorar o Clima em toda a Terra. Este
projeto é patrocinado pela NASA e National Science Fundation (NSF), e apoiado
pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e U.S Department of
State.
e-mail:
heliocabral@coseno.com.br
As ESPAÇO NAVES PRECISARÃO DO EMDRIVE, MAS AS NAVES AUXILIARES, QUE FAZEM PLANETA Até A NAVE MÃE OU NAVE MÃE ATÉ O PLANETA, PRECISARÃO DE PROPULSORES DE FUSÃO ATOMICA.
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