Um fóssil de árvore perfeitamente conservado abriu para cientistas uma "janela" única no tempo, de até 42 mil anos atrás, quando o campo magnético da Terra mudou completamente.
Sem o campo magnético terrestre, seria muito difícil a existência de vida no planeta, pois não só nos faz orbitar em torno do Sol a uma distância que permite o desenvolvimento da vida, como também desvia ventos solares nefastos e mantém em ordem nossa atmosfera protetora, explica o New Atlas.
Porém, o campo magnético da Terra está longe de ser estático, sendo profundamente dinâmico, em constante mudança ao longo do tempo, e mudanças no campo magnético terrestre costumam ter um intervalo de centenas de milhares de anos entre si.
A última reversão geomagnética aconteceu há cerca de 780 mil anos, e muitos pesquisadores sugerem que estamos perto de outro acontecimento semelhante. Entre estas reversões geomagnéticas, que podem durar até dez mil anos, podem ser encontradas pequenas perturbações do campo magnético terrestre, chamadas de excursões geomagnéticas.
As excursões magnéticas tendem a ser de curta duração – levando em consideração o tempo de vida do planeta Terra – e envolvem mudanças temporárias no campo magnético da Terra, podendo se prolongar entre centenas a milhares de anos. A excursão magnética mais recente recordada aconteceu 42 mil anos atrás, sendo também conhecida como excursão de Laschamps.
Árvore antiga revela história caótica de reversão magnética da Terra.
Os cientistas já estariam familiarizados com a ocorrência de tais eventos, mas ainda não estaria claro para eles o verdadeiro impacto dos mesmos na vida e no ambiente terrestres, até que a descoberta de um fóssil de árvore em perfeitas condições, na Nova Zelândia, mudou tudo.
O tronco massivo da árvore kauri, preservado ao longo de 42 mil anos, possuía seus anéis onde estariam registrados cerca de 1.700 anos das condições ambientais terrestres, coincidindo exatamente com o período da excursão de Laschamps.
"Pela primeira vez, fomos capazes de datar com precisão o período e os impactos ambientais da última alteração magnética", declarou Chris Turney, coautor do novo estudo sobre a descoberta e seus efeitos, publicado na revista Science. "Usando as árvores antigas, poderíamos medir e datar o pico dos níveis de radiocarbono atmosférico causados pelo colapso do campo eletromagnético da Terra", citado pelo artigo.
Utilizando os dados de radiocarbono do tronco da árvore fossilizada, a equipe de pesquisadores executou um modelo global climático, incorporando dados anteriormente coletados ao redor do mundo, de modo a explorar que tipo de efeitos teve esta mudança no campo magnético terrestre.
Os resultados da pesquisa revelaram a ocorrência de um período de mudanças ambientais drásticas, durante as centenas de anos em que a reversão magnética teve lugar. Foi descoberto que há 42 mil anos, níveis elevados de radiação ultravioleta teriam aumentado a ionização atmosférica, o que teria levado a uma maior frequência de tempestades elétricas.
Um dos pontos mais interessantes e controversos do estudo é o fato de que durante esse período de alta ionização atmosférica, os homens primitivos teriam desenvolvido suas técnicas de arte rupestre. Tal cenário vem da hipótese de que para se protegerem da elevada radiação ultravioleta, os seres humanos passariam a maior parte do seu tempo dentro de suas cavernas. Esta hipótese seria, em parte, suportada pelas pinturas em ocre vermelho encontradas nas paredes das cavernas, sendo que esse material seria utilizado para a fabricação de uma espécie de protetor solar primitivo que, por sua vez, ainda é utilizado por alguns povos para esse mesmo efeito.
Se uma reversão magnética acontecesse nos dias de hoje, as consequências desta seriam enormes para a sociedade. De acordo com Alan Cooper, autor principal da pesquisa, "as radiações cósmicas destruiriam nossas correntes elétricas e redes de satélites".
No entanto, Cooper aponta que os movimentos atuais do polo norte magnético no Hemisfério do Norte poderiam ser um sinal de que uma grande mudança poderia estar
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